O mais recente estudo publicado pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou, nesta quinta-feira (20/6),
que a agressão cometida por parceiro íntimo é o tipo mais comum de
violência contra as mulheres em todo o mundo, afetando 30% do total. De
acordo com o relatório, a violência física ou sexual é um problema de
saúde pública, porque pode provocar lesões imediatas, infecções,
depressão e até transtorno mental .
Ainda de acordo com o estudo, cerca de 35% de todas as mulheres devem
sofrer violência ou em casa ou fora dela em algum momento de suas vidas.
No Brasil, as agressões contra a mulher
têm sido punidas com o auxílio da Lei Maria da Penha, sancionada em
2006. A lei, segundo a juíza titular da 10ª Vara Cível do Tribunal de
Justiça do Estado do Maranhão (TJMA) Sônia Amaral, é conhecida por 98%
da população, mas ainda precisa ser mais bem compreendida pelos agentes
do Direito. “Não se trata apenas de conhecer a lei e ter vasto saber
jurídico. É preciso que o juiz tenha visão ampla do problema. É
frequente vítimas de violência serem questionadas sobre sua relação com o
agressor de forma desrespeitosa, invertendo a lógica da violência”,
ressaltou a juíza, que em 2009 recebeu o Prêmio Bertha Lutz, do Senado
Federal, pela criação da Casa Abrigo do TJMA, que recebe mulheres
vítimas de violência doméstica.
Para garantir a efetividade da Lei Maria
da Penha, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) trabalha no sentido de
divulgar e difundir a legislação e facilitar o acesso à Justiça da
mulher que sofre com a violência. Para mais informação, acesse aqui.
A lei brasileira inspirou o Timor Leste a
elaborar uma legislação para proteger a integridade das mulheres
timorenses. Convidada a participar de debates naquele país, Sônia Amaral
afirmou que, em relação à violência de gênero, a cultura do Timor ainda
é de extrema leniência. “Organizações internacionais se mobilizam para
conscientizar a população do Timor sobre a existência da lei de
violência doméstica. No Timor, a sociedade e a própria polícia têm pouca
ou nenhuma informação sobre a lei que visa combater a violência
doméstica”, observou a magistrada.
Segundo ela, ainda é frequente naquele
país os processos judiciais contra companheiros violentos estacionarem
na Justiça. “Muitos juízes consideram esses crimes como menos
importantes e avaliam que judicializar esses problemas provocaria a
separação da família”, afirmou a juíza, que visitou o Timor a convite do
Banco Mundial.
Para a magistrada, apesar da maior
consciência da sociedade, o Brasil, assim como o Timor e outros países,
ainda precisam melhorar muito a capacitação dos agentes do Direito,
porque o Judiciário ainda não tem a visão completa da questão que
envolve a violência contra a mulher.
“Pegue como exemplo o caso de Elisa
Samúdio. A juíza não concedeu medida protetiva alegando que, como era
namorada, aquela relação não configurava relação doméstica quando, na
verdade, a lei objetiva proteger a violência em decorrência do gênero”,
comparou a magistrada, referindo-se ao caso da ex-amante do goleiro
Bruno Fernandes, assassinada em Minas Gerais, a mando dele.
O relatório da OMS concluiu que quase
dois quintos (38%) de todas as mulheres vítimas de homicídio foram
assassinadas por seus parceiros, e 42% das mulheres que foram vítimas de
violência física ou sexual por parte de um parceiro sofreram lesões
como consequência.
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Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.
Fonte: Combate Racismo Ambiental !
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